O CORPO HUMANO
O corpo humano é um organismo bioeléctrico, formado por matéria e energia. A matéria são as células que formam os tecidos e estes por sua vez os órgãos. A energia é formada por átomos, electrões, fotões e outras partículas subatómicas, que constituem as partes mais íntimas das nossas células. Assim, produzem-se correntes eléctricas que se transmitem em todo o sistema celular e fazem com que o nosso corpo e mente funcionem de forma adequada.
Muitos aparelhos foram desenvolvidos para medir o potencial elétrico de partes do nosso corpo – electrocardiograma, electromiograma, electroencefalograma, …
Quando há transtornos no funcionamento do sistema eléctrico celular, o organismo adoece.
TERAPIA NEURAL
A Terapia Neural é um método de tratamento, através do qual se vão corrigir os transtornos causados no sistema elétrico celular, usando como condutor o Sistema Nervoso Vegetativo (que pelos seus circuitos reguladores – humorais, hormonais, neurais e celulares, toma parte em todas as reacções do organismo, incluindo a sua participação em todos os processos mentais e emocionais, sendo uma peça chave na integração da totalidade do SER).
A Terapia Neural é um procedimento terapêutico que atua diretamente sobre o sistema nervoso, especialmente o sistema vegetativo, reorganizando o funcionamento de ambos, e em simultâneo, a bioenergética da membrana celular.
O sistema neuro-vegetativo é representado maioritariamente pela pele.
A Terapia Neural busca neutralizar irritações que afectam o tono neurovegetativo e que desencadeiam a doença, com a aplicação de procaína (um anestésico local) a baixas concentrações, especialmente no local onde o sistema vegetativo sofreu a agressão ou lesão.
Eliminando estes bloqueios geradores de alteração de informação ou de elaboração de estímulos irritativos, reactivam-se os mecanismos de regulação para obter reacções de auto cura e uma nova ordem mediante a força vital.
A procaina é diluída em soro, de forma a obter uma concentração de 0,5%, e injectada em determinados pontos (pontos dolorosos, pontos gatilhos, cicatrizes, zonas de emergência nervosa, …). Ela tem uma metabolização plasmática rápida e ao contrário dos outros anestésicos locais não é metabolizada no fígado, o que explica a sua boa tolerância.
COMO FUNCIONA
Cada célula tem um potencial eléctrico de repouso que varia de -40 a -90 milivoltes, resultado da presença de iões de sódio e potássio. Já no exterior da célula, liquido extra celular, encontramos substâncias com cargas eléctricas positivas, mantendo assim o potencial de membrana. Um estimulo (irritativo) faz cair o potencial – despolariza (sai potássio e entra sódio). Normalmente a célula repolariza-se de imediato. Se há estímulos constantes, fortes ou irritativos, a célula pode perder a capacidade de se repolarizar, fica despolarizada, debilitada e doente. Altera-se o funcionamento da bomba de sódio potássio e pode actuar como um campo interferente.
O que se pretende da procaina em terapia neural não é o efeito anestésico (que é muito baixo quer pela sua diluição quer pelo próprio tipo de anestésico que é), nem o efeito químico, mas sim o seu efeito eléctrico que é extremamente rápido. A procaina induz uma tensão bioeléctrica a nível da membrana celular de cerca de 290 mV, tendo a capacidade de repolarizar e estabilizar o potencial de membrana das células afectadas, permitindo-lhes assim recuperar-se e estabilizar o sistema neurovegetativo. A procaina tira memórias nocivas para o organismo, e permite o livre fluxo de informação ou de experiências, o qual traz como consequência que o paciente retome a sua própria ordem.
Outra grande vantagem que tem a Terapia Neural é que o sistema nervoso é uma rede interconectada, e a aplicação numa determinada zona do corpo é transmitida de imediato a todo o corpo. Esta é a razão porque injectando a procaina numa zona da pele se está a actuar á distância a nível de um órgão que está afectado e que se está a manifestar numa determinada zona do corpo.
OS CAMPOS INTERFERENTES
Existem campos interferentes, que não são mais do que tecidos cronicamente irritados, em permanente despolarização e que produzem por via neuronal afecções e doenças á distância. Um exemplo comum são os campos interferentes que aparecem na boca, devido a dentes infectados, sisos em posição traumática, quistos apicais etc, que são focos constantes irritativos e que geram patologia á distância. Assim se explica que uma dor lombar possa desaparecer após a aplicação de Terapia Neural num dente, ou que uma artrite possa desaparecer após a extracção de um dente do siso.
As cicatrizes são também muitas vezes campos interferentes, que representam cortes energéticos e eléctricos, e que têm muitas vezes associadas memórias traumáticas (cicatrizes de vacinas, de apêndice, de amígdalas, de fracturas, de cirurgias, cesarianas etc). É fundamental tratar as cicatrizes, e consegue-se apreciar como se alteram os tecidos em seu redor, e como desaparecem sintomas que estavam a afectar o corpo noutro lugar.
Os campos interferentes podem ser desconectados, neutralizados, mediante um impulso neural-terapêutico com a procaina.
HISTÓRIA
A Terapia Neural foi descuberta por casualidade pelos médicos alemães Ferdinan e Walther Huneke, em 1925, quando trataram a sua irmã Katha de uma dor de cabeça muito persistente, com um preparado anti-reumático que continha procaina, provocando a sua melhoria. Mais tarde começaram a injectar procaina em zonas segmentarias da pele (infiltrações subcutâneas), em pontos dolorosos, gânglios nervosos e noutras zonas.
Ferdinan Huneke observou aquilo que se chamou “fenómeno em segundos”, em 1940, ao injectar a procaina numa cicatriz de uma doente que tinha uma periartrite crónica escapulo-humeral com dores intensas, e que já tinha sido operada a amígdalas, apêndice e vesícula biliar como recurso na altura de eliminar focos irritativos. Após a infiltraçãoo a dor desapareceu de imediato. Mais tarde observaram fenómenos idênticos que sucedem ao aplicar a procaina diluída, onde os sintomas desaparecem em segundos.
CONCEITO DE INDIVIDUALIDADE
A Terapia Neural não trata doenças, mas sim pessoas.
Na Terapia Neural trata-se o SER como um todo, não individualizando partes do corpo, pois sabemos que o sintoma é a manifestaçãoo de algo que não está bem e que se está a expressar, mas que provavelmente tem a causa noutro lugar (ou causas).
Para fazer essa abordagem é feita a História da Vida da pessoa, desde a infância, permitindo analisar quais e onde se manifestaram os primeiros sintomas de moléstias ocorridas na vida.
Todos os antecedentes traumáticos, emocionais, cirúrgicos, infecciosos, odontológicos, ginecológicos e alimentares são importantes para valorizar os possíveis focos de irritação do sistema nervoso.
Uma cicatriz (amigdalectomia, apendicectomia, fractura, trauma, queimadura,…) gera memórias (emocionais, trauméticas, energéticas e físicas) que ficam guardadas no Sistema Nervoso, e que actuam como focos irritativos permanentes. É vulgar infiltrar uma cicatriz e haver uma descarga emocional e ser trazida á consciência o trauma vivido nesse dia. Essa libertação permite dar um estimulo ao SN para que se organize agora, após ter sido retirado esse campo interferente.
Assim têm sido tratadas muitas doenças crónicas que persistem sem melhorias ao longo dos anos, como resultado de um acumular de campos irritativos.
Quando aplicamos a Terapia Neural e ao fim de algumas sessões não são visíveis melhorias, certamente estamos na presença de campos interferentes, a maioria deles localizados na boca. É frequente as pessoas terem uma gripe, uma má disposição ou outra doença, após desvitalizar um dente, ou colocar um implante, prótese ou fazer uma restauração (sobretudo as de amálgama, vulgar “chumbo”, que libertam mercúrio que intoxica as células, e que causa uma corrente galvânica juntamente com a saliva, podendo ser um factor irritativo á distância).
EFEITOS ADVERSOS
Os efeitos adversos imediatos passam por uma inflamação ocasional nos pontos de aplicação, leve náusea ou enjoo, sensação de relaxamento (flutuando), aumento ou diminuição de calor, dilatação da pupila, aumento da frequência cardíaca, tremor. Normalmente duram 24-48 horas, e são conhecidas mais como uma crise curativa do que pelo efeito diluído da procaína. A alergia é extremamente rara, e os poucos casos relatados de um ligeiro eritema deixaram duvidas se seria apenas uma crise de cura nessa zona.
Outros efeitos que podem aparecer depois do tratamento – febre e mal estar, diarreias, inflamação com supuração no local da picada (que nos mostram que o organismo está a eliminar toxicidade e a recuperar o seu estado de auto cura), corrimento vaginal, corrimento nasal. Normalmente passam em 24-48h.
A procaina é metabolizada a nível plasmático, decompondo-se em cerca de 20-40 minutos em PABA (ácido para-amino-benzoico) e dietil-amino-etanol, sendo a sua toxicidade baixíssima.
Desde há décadas que esta terapia é usada em recém-nascidos, crianças, e grávidas.
EFEITOS FARMACOLÓGICOS DA PROCAINA
- Regulador do sistema nervoso vegetativo.
- Alívio da dor, redutor da febre e efeito espasmolitico
- Regula a circulação, inibe a inflamação, tem acção antialérgica e vasodilatadora.
- Exerce uma influência directa sobre as funções vitais celulares, protege da despolarização electrostática.
- Relaxante muscular, bronco-espasmolitico, espasmolitico do esfíncter de Oddi e do intestino.
- Anti-histaminico, anti-inflamatório.
CONTRA INDICAÇÕES
- Bloqueios aurículo ventriculares completos
- Transtornos da coagulação do sangue, ou pacientes a tomar anticuagolantes
- Alergia á procaina (extremamente rara)
- Hipotonia grave e cadiopatias descompensadas
- Miastenia Gravis.
VEJA ESTE VIDEO:
https://www.youtube.com/watch?v=5S-w5ggHERo&feature=youtu.be